sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dia 07/01/2011 - Acabou (Um longo dia sob sol e chuva, a recepção em Birigui, muitos km até em casa).

Ao contrário dos dias anteriores, já vou começar dizendo o quanto rodamos neste dia.
Eu rodei 1350 km e o André quase 1600 km!

Cruzar de Corumbá-MS até Três Lagoas-SP rendeu muito, mas depois que entramos em SP, pela Rod. Marechal Rondon a viagem não rendeu mais, passamos por 11 pedágios (pagos e caros) em um trecho de apenas 400 km! Diferentemente dos dias anteriores, não vamos narrar aqui todos os quilômetros rodados, pois é um trecho dentro do Brasil e bastante conhecido.

O que temos a ressaltar, é claro, é o Pantanal entre Corumbá e Aquidauana, onde a fauna às margens da estrada é abundante.  Justamente por este motivo, o início da viagem foi tenso, como saímos cedo de Corumbá, pegamos a pista sendo invadida pelos animais que cruzavam a estrada (buscando seu desjejum, julgo eu). Eu que ia na frente tentava justamente manter uma velocidade segura, pois a todo momento surgiam animais no acostamento ou sobre a pista, principalmente pássaros. Em alguns trechos eu ia buzinando tentando espantá-los, mas muitos deles esperavam a moto chegar perto para tratarem de se mexer.

Foi em razão deste cenário que, tivemos um incidente (quase um grave acidente).  Eu vi um animal no meio da pista à distância, soltei um pouco o acelerador e fiquei tentando entender para que lado ele iria. Quando eu estava mais próximo, vi que era um filhote de capivara. Como ele estava com a cabeça para o lado direito, e não vinha carro no sentido contrário, apontei a moto para o lado esquerdo, só que ele virou e correu para lá, instintivamente eu freei, e fui para a direita desviando dele. Quando olho no retrovisor, vejo o André quase me tocando à direita e com o guidão da moto balançando violentamente.
Tendo a capivara escapado, acelerei e saí para a esquerda, mas julgava que o André iria cair, mas ainda bem que ele pilota muito e instintivamente aliviou o peso sobre o guidão e acelerou, assim a moto voltou ao controle. Paramos no acostamento e eu não sei quem de nós tremia mais, por muito pouco não sofremos um grave acidente, nós dois, ou nós três (incluindo a capivara).

Depois que nos acalmamos entendemos o que aconteceu, o André estava próximo e reagiu desviando para a direita, só que a capivara lançou-se na direção onde julguei que ela não iria, sem o ver, desviei para cima do André e freando...

Como eu disse para ele, apesar de estar uma manhã linda, eu estava tenso desde que pegamos a BR-262, justamente por causa dos animais. Atropelar um pássaro não é agradável, porém estando de moto, atropelar um mamífero pode ser fatal, para ambos!

Fica aqui a dica, não adianta cruzar o pantanal muito cedo, o risco de atropelar alguém é enorme, à noite então, acho que é uma temeridade. A quantidade de animais mortos na pista é absurda, inclusive horas depois cruzamos por um enorme porco do mato que deve ter sido morto por um caminhão, pois se fosse um carro, o mesmo estaria parado lá e muito avariado, tal o tamanho do bicho.

Às margens da estrada em pequenas lagoas, pode-se ver garças, tuiuiús e jacarés aos montes, a estrada é boa e as grandes retas convidam a acelerar, mas melhor não!

De qualquer forma, mesmo tendo segurado um pouco a velocidade no trecho inicial, conseguimos manter uma ótima média horária, assim tendo saído de Corumbá às 05:30 h, chegamos à Três Lagoas por volta das 14:30 h, foram 780 km em 9 horas.

No caminho, paramos apenas para os abastecimentos, um café em Miranda e uns pasteis no anel rodoviário de Campo Grande, pois passamos por fora de Campo Grande. Depois dali, começaram as chuvas, muito fortes em alguns trechos, fomos assim entre estiagens e trombas d'água.

Quando chegamos à Três Lagoas, paramos em um posto antes da barragem, o sol era escaldante, subimos as motos na calçada sob a cobertura de um restaurante, ali comemos umas esfihas e esticamos um pouco as pernas. O dono do restaurante apareceu e reclamou de as motos estarem sob a cobertura, lhe expliquei que tínhamos equipamentos eletrônicos nos bauletos e não havia uma sombra, de qualquer forma já estávamos de saída. Ele foi educado, mas chato, ao contrário da senhora que atendia no balcão, muito amável e sorridente.
Na Barragem de Três Lagoas, divisa MT Sul - SP
Já estamos no estado de São Paulo !
Não pudemos nos dar ao luxo de um bom descanso, tínhamos feito um pouco mais da metade do caminho e, como estava rendendo, achamos que poderíamos chegar se não em casa, muito próximos.
Só que aí não rendeu mais, a cada 30 km parávamos em um pedágio, só quem anda de moto sabe a tortura que é pagar pedágio, estando em cima de uma moto! Virou uma rotina, pancadas de chuva, estiagens e pedágios, no fim da tarde, umas 17:30 h, chegamos à ponte de acesso a Birigui.

Paramos no acostamento e o André ligou para o Lucas, queríamos avisá-lo que pretendíamos seguir mais, antes de anoitecer, pois nos faltavam mais de 500 km ainda, porém ele pediu que esperássemos. Veio gentilmente até nós com o seu pai na garupa da sua DR e seu irmão veio com a Virago, nos trouxeram um garrafão com água gelada. Conversamos bastante, tiramos fotos e depois eles nos "escoltaram" até a cidade de Coroados. Nos filmaram e colocaram o filme no Youtube!

Sinceramente, gostaríamos de ter passado por lá mais cedo, assim teríamos os visitado em casa, de qualquer forma vamos lembrar para sempre da calorosa recepção!

Parada passando por Birigui
O Lucas seu pai e seu irmão foram nos recepcionar


A noite se aproxima, hora de partirmos
Depois de Birigui, logo a noite caiu e as chuvas também, novamente a rotina, chuva e pedágio, agora agravada pela escuridão da noite. Por este motivo a viagem passou a render menos ainda e fomos parar no posto Cuesta da Castelo Branco lá para as 23:30 h!

Antes disto, paramos em em um posto em Lins e em uma casa de apoio ao usuário em Lençóis Paulista, onde o André ficou contando piadas aos funcionários enquanto tomávamos um cafezinho quente.
Nós tínhamos chegado lá, molhados, como chovia!  Tremíamos de frio.

O André tinha aceito a ideia de dormirmos em Torre de Pedra, pois havia a casa de um dos irmãos da Marlene disponível, mas ele mudou de ideia e disse que iria um pouco mais.  Estávamos mortos de cansaço,  então seguimos à diante e eu entrei em Torre.
Nos despedimos ali mesmo, no acesso, não sem antes o André me garantir que ligaria, não importava a que horas fosse quando chegasse em São Paulo.

Foi um final melancólico para uma viagem tão boa, mai ele tinha urgência de chegar, apesar da minha preocupação.  Depois só me lembro de ter acordado na madrugada, e atendido o celular para ouvir o André dizer, cheguei abraço!  Eu só cheguei em Guarulhos - SP no dia seguinte, ainda abaixo de chuva!

                                          <<<<<<<  Considerações finais  >>>>>>>>
Quando não conhecemos algo pessoalmente, formamos um imagem mental que é a nossa referência.
Eu já tinha visitado Buenos Aires e imediações muitas vezes à trabalho, bem como Santiago duas vezes, também à trabalho. Assim, eu tinha apenas uma imagem mental do norte da Argentina (Chaco) e do norte do Chile (Atacama). Com relação ao Peru e a Bolívia a situação era, digamos, folclórica, uma vez que as informações que nos chegam sempre enfatizam a pobreza e o atraso.

A Bolívia e o Peru fizeram parte dos meus sonhos de adolescente, cheguei a planejar uma viagem com o trem da morte na década de 80. Teria sido uma experiência enriquecedora, porém hoje com mais maturidade acho que aprendi muito mais, claro que os tempos são outros e há um abismo entre a quantidade de informações que tínhamos a três décadas e o que temos hoje. Felizmente também, a América do Sul mudou bastante desde aqueles tempos, para melhor claro.

Eu tinha um interesse pessoal pelo Chaco, por tudo o que já havia lido a respeito e, eu julgava que além disto havia muito mais coisas interessantes, desta forma partimos (o André e eu) para esta viagem com três objetivos principais:

- Cruzar os Andes por terra (literalmente, pois escolhemos o Paso de Sico).
- Conhecer o deserto do Atacama.
- Conhecer o oceano Pacifico.

Havia também os objetivos, menores (mais nem tanto) de conhecer o Perú, principalmente a quase mitológica Machu Picchu, e a Bolivia que devia ser um lugar perdido no tempo, era até motivo de preocupação, juro !

Como vocês puderam ler nos relatos anteriores, os objetivos foram atingidos e algumas surpresas vieram, principalmente em relação a Bolívia que passou longe da nossa imagem mental.

O Chaco argentino não foi monótono como esperávamos, cruzar os Andes por um caminho como o Paso de Sico foi uma realização, desgastante fisicamente, mas recompensadora.
O Atacama é lindo, surpreendente, mas como disse antes, é bruto!

O Pacífico era o que esperávamos, eu imagina olhar para ele e ver o infinito, e é assim mesmo, porém o que estranha é o encontro dele com o deserto, para nós que somos acostumados com as praias verdejantes do Atlântico, aquilo lá é algo surreal.

A Argentina com sua população de 40 milhões de habitantes, como todos sabem é a segunda potência Sul Americana, atrás apenas do Brasil que, na realidade é o que é, devido a sua enorme população de 190 milhões de habitantes e a sua extensão territorial.

A população argentina se concentra a região de Buenos Aires, eu imaginava que o norte (Chaco) fosse bem menos habitado do que vimos ser. Para os argentinos o Chaco é distante como para nós é o Acre, por exemplo.  Claro que o Chaco tem sua história devido à posição estratégica limítrofe com o Paraguai, que já foi uma potência no século 19, daí a existência das hoje grandes cidades como Posadas, Corrientes e Resistência (na confluência dos importantíssimos rios Paraná e Paraguai). Além claro, de Salta, já aos pés dos Andes. Nós gostamos muito de cruzar esta região, os Andes do lado argentino são o que nós já esperávamos, os Andes.

O Chile é de longe o país mais organizado da América do Sul, os chilenos são muito eficientes, pois sempre conseguiram fazer muito com pouco. A geografia do país é desfavorável à infra-estrutura (são 4300 km de comprimento, por 175 km de largura em média, cercado pelos Andes e pelo Pacifico) porém é uma maravilha da natureza. A eficiência chilena, pode ser constatada desde a época da exploração do Salitre e a guerra do Pacífico, como relatamos na postagem do dia 25/12/2010 da nossa viagem.
Eles avançam, e hoje são exportadores de frutas, vinhos e claro, minérios. Sua pequena população (16 milhões de habitantes, menos que a da grande São Paulo) não é suficiente para garantir mercado para uma industrialização de produtos tecnológicos, como temos no Brasil, então eles valem-se da exportação de produtos de base.

Para vocês terem uma ideia quando cito a eficiência deles, no ano passado 2010, a Lan Chile começou a negociar um processo de fusão com a TAM, a maior companhia aérea do Brasil, isto porque a legislação brasileira permite que até 20% das ações estejam nas mãos de capital estrangeiro, do contrário a Lan já seria a detentora da maioria das ações da TAM e pronto!

No Peru, infelizmente não conhecemos Lima a capital e Arequipa, porém conhecemos o vale de Moquégua, que é economicamente muito importante, é um oásis produtor agrícola no meio daquela região desértica. Depois conhecemos o altiplano, ainda bem que não encontramos nenhum guerrilheiro do Sendero Luminoso ou Tupak Amaru (brincadeira).  Lima a capital, e que nós não conhecemos, detém aproximadamente 8 dos 29 milhões de habitantes do país, portanto é uma metrópole com um centro econômico moderno. Porém imagino o caos do trânsito por lá, já que em cidades muitas vezes menores, a coisa é feia devido a cultura deles ao volante...

Como vocês devem ter lido, nós detestamos Puno e o Titikaca peruano, achamos que Cuzco não foi grande coisa, na realidade foi menos do que esperávamos. Mas Machu Picchu sim, é o que dizem, vale a pena visitar. De qualquer forma, uma vez que nós agora conhecemos Machu Picchu, não temos mais planos de retornar ao Peru, não tão cedo. Mas vale ressaltar que é um dos países mais baratos de se visitar, não só pelos preços baixos como pela valorização da nossa moeda frente ao Sol (moeda peruana).
O Peru de hoje está evoluindo economicamente, o problema ainda é concentração de renda,  pois aproximadamente 40% da população, vive ainda na linha de pobreza.

A Bolívia é um caso a parte, nós não visitamos o seu deslumbrante circuito das lagunas altiplanicas e o salar do Uyuni, isto requer uma viagem futura. Na realidade, nesta viagem que acabamos de fazer, a Bolívia era só uma passagem na volta para o Brasil, mas havia o Chaco boreal a ser desvendado, e o foi.

Com seus atuais 10 milhões de habitantes, a Bolívia é um país ainda pobre, apesar de que não vimos esta pobreza de forma flagrante, e isto nos impressionou. Na realidade vimos pobreza, não vimos miséria, eu achei isto bom. Santa Cruz de la Sierra é decididamente uma cidade grande e rica, por isto havia lá recentemente um movimento separatista.
O Chaco é mesmo uma vestidão, não fosse o asfaltamento de ruta 04 até Puerto Suarez (corredor Santos - Iquique), não haveria como cruzá-lo a não ser com o Expresso Oriental (o trem da morte) como foi por muitos anos até recentemente.
Bem, decididamente tanto o norte do Chile como a Bolívia (lagunas) são merecedores de uma nova viagem futura.

                                       <<<<<<< Um pouco de história >>>>>>>>
Lembram-se dos imigrantes europeus que tanto me intrigaram no Chaco boliviano?
Pois bem, depois de pesquisar descobri quem são. São alemães da Igreja Evangelica Irmãos Menonitas  (que foram para o Chaco Paraguaio no século 19).  São Arianos, e tem por tradição a proibição do uso de novas tecnologias, pois acreditam que são instrumentos diabólicos... Sem bem que os vi usando tratores, bem novos por sinal, mas os que os usavam eram jovens. Já os mais velhos, só os vi andando naquelas carroças com pneus de borracha. Pelo jeito, o século 21 irá quebrar suas convicções, os jovens são abertos às novidades, e isto é o que não falta nos últimos tempos.

Uma coisa que muitos não imaginam, é uma guerra recente entre dois países sul americanos, mas aconteceu.
Enquanto no Brasil rolava a revolução constitucionalista, bem ao lado acontecia a Guerra do Chaco!

Guerra do Chaco, de Junho de 1932 à Junho de 1935, onde o Paraguai anexou os territórios ao sul de Santa Cruz até a divisa com o Brasil, o Chaco Boreal. Isto foi por causa da descoberta de petróleo na região?   Não!  Foi porque a Bolívia queria o livre acesso ao rio Paraguai.

Novamente, a incompetência politico militar boliviana lhes causou um imenso estrago.
Não podendo fazer frente ao Chile, a Bolívia partiu para cima do enfraquecido Paraguai, uma ex-potência sul americana no século 19, que foi destruída pelo Brasil, Argentina e Uruguai, motivados por fortes interesses políticos e econômicos ingleses, a infame Guerra do Paraguai.

Tendo perdido o acesso ao Oceano Pacifico, decidiram tomar posse da região do rio Paraguai. Assim, a Bolívia teria livre acesso ao Oceano Atlântico pela bacia do Rio da Prata. Já para o Paraguai, que havia ocupado o Chaco com assentamentos agrícolas (os imigrantes alemães Menonitas), além de ter construído algumas ferrovias pelo interior do Chaco, para transportar toras de quebracho para rio Paraguai. Manter o Chaco era questão de sobrevivência nacional. Como já havia perdido 40 % do seu território na guerra de 1870, perder o Chaco significaria deixar de existir como pais.

A Bolívia tinha uma população três vezes superior à do Paraguai e estava mais capitalizada.
Novamente, os bolivianos fizeram tudo errado, pois confiaram o comando do exercito à um alemão, o General Kundt, que tinha experiência da primeira guerra mundial, mas era um fraco estrategista.
Ele achava que com a sua superioridade numérica, era só descer os Andes com seu exército e marchar sobre os pobres paraguaios.
Já os paraguaios, com menos recursos, mas comandados por José Estigarribia, usaram o terreno a seu favor e promoveram uma guerrilha.
O Chaco é um lugar quente, de dificil locomoção, infestado de insetos e serpentes, a água potável é escassa.  Imaginem na década de 30, descer um exército mecanizado desde La Paz para aquele fim de mundo!  Os soldados bolivianos tiveram de marchar 500 km pelo Chaco, e os cavalos novamente, igual ao que aconteceu na guerra do Pacífico, morriam devido à falta de água e pastagem. Os paraguaios tinham a vantagem de poderem usar o rio Paraguai e as sua ferrovias, daí que seus poucos soldados e suprimentos, chegavam ilesos ao front.
Este foi o primeiro conflito sul americano onde foi empregada a aviação, ambos os países haviam comprado caças e bombardeiros ingleses, franceses e norte-americanos. Porém a aviação, no resumo geral, ainda era incipiente, mas teve um papel importante na vastidão do Chaco.  No caso paraguaio, pelas informações táticas obtidas por vôos de observação, que do lado boliviano eram ignoradas pelo General Kundt.
Porém, quando os bolivianos bateram em retirada, foi a sua aviação que impediu que os seus soldados, fossem massacrados pelos paraguaios que os perseguiam. Mas a decisão final da guerra mesmo, coube à estratégia paraguaia de lutar pelos lados e de tomar os mananciais de água.

Assim, após três anos, com ambos os países exauridos, a Bolívia percebeu que não tinha mais chances.
Então um acordo de paz foi mediado, e o Paraguai anexou quase todo o Chaco Boreal.

Novamente, os bolivianos perderam uma parte significativa do seu território e continuam sem acesso marítimo (que aliás já tiveram, e perderam porque foram se meter com os chilenos).

Eu já havia lido muito à respeito da guerra aérea no Chaco, por isto tinha muita curiosidade de conhecer a região. Queria entender o que de tão hostil tinha este lugar no mundo, finalmente entendi, são o calor e a vastidão!

                                             <<<<<<<  Nos dias atuais  >>>>>>>>
Há um grande projeto em marcha, marcha lenta diga-se de passagem, que é o corredor Santos - Iquique.
Este projeto que nasceu em um acordo assinado em dezembro de 2007, entre o Lula, o Evo Morales e a presidente do Chile, Michelle Bachelet. Éra uma ideia antiga que, previa uma ferrovia, um gasoduto e uma rodovia, com objetivo de facilitar as exportações para a Ásia e também para que a Bolívia pudesse exportar gás para os EUA (Califórnia).
Ao que parece, o projeto ficou inviável neste formato, isto devido aos custos da ferrovia e também porque mais uma vez, a Bolívia tomou um rumo politico adverso, estatizando as refinarias de gás, incluindo as da Petrobrás.
Obviamente que, os EUA perderam o interesse em um parceiro que quebra as regras contratuais.
Lembram-se da história das usinas de salitre? Que foi o que gerou a guerra do pacifico?
Pois bem, acho que a Bolívia não aprende...
Pelo menos no tocante à rodovia, o que vimos foi o investimento na ruta 04 no Chaco boreal, onde apenas o trem da morte cruzava os 700 km de Corumbá até Santa Cruz.  Dalí em diante a ligação transoceânica faz uso da infra-estrutura já existente.  Estranhamente, no Peru, aquele trecho novo entre Moquégua e Puno, também recebe este nome, daí que posso concluir que toda a malha rodoviária da região está sendo aproveitada.
De qualquer forma, é ótimo para todos os países, é uma quebra de isolamento importante. O Chile tem acordo de livre comércio com vários países asiáticos. A Bolívia está sendo beneficiada, ao que parece, tanto pelo Brasil como pelo Chile, pois o governo Lula sentiu a necessidade de promover esta integração, mantendo-se assim líder no cone sul. Já o Chile, tem o assunto pendente do acesso ao mar, que tomou do Bolívia na guerra do pacífico. Obviamente que este projeto ajuda a minimizar as tensões entre estes dois países (isto é minha opinião pessoal, analisando os dados históricos).
O Chile já concedeu à Bolívia um terreno de 10 acres no bairro de Alto Hospício, em Iquique, para a instalação de um complexo aduaneiro boliviano, anexo ao importante porto chileno.  Com o vimos também em Arica, existem as boias do oleoduto boliviano onde operam navios fornecedores de petróleo à Bolívia, e também a antiga linha férrea Arica - La Paz (hoje em desuso).
Hoje, na prática, o corredor rodoviário já existe, são 3314 km de distância entre os dois portos, Santos e Iquique, dos quais apenas 37 km estão ainda por asfaltar (lá onde comprei o meu terreno na Bolívia), porém existe um desvio por asfalto, o que torna o corredor efetivamente disponível para os caminhões.
Falta agora, a definição de normas aduaneiras e sanitárias homogêneas entre os três países, para que haja a completa efetivação.

                                        <<<<<<<  Agradecimentos  >>>>>>>>

Claro que devemos, o André e eu muitos agradecimentos, às nossas famílias por nos "liberarem" justamente nas festas de Natal e fim de ano. Sabemos que não foi fácil, mas era a nossa única oportunidade em 2010.
Sabemos o quanto as esposas e pais ficaram aflitos com a nossa distância, e nós também.

Agradecemos ao Marcelo Gulbert, o inspirador e mestre de todos os viajantes que conhecemos, além da hospitalidade dele e da sua mãe, Dona Loreci.  Fica aquí também o agradecimento ao Gaúcho de Medianeira, que parou o seu trabalho para salvar nossa viagem com umas soldas providenciais.

Ao TAZ Machado, que nos incetivou e até deixou sua Suzi em casa como "spare part", caso tivéssemos algum imprevisto grave. Ele disse, podem desmontar e mandar por correio qualquer peça dela!

Ao Lucas Bulgueroni, seu irmão e seu pai, pela calorosa recepção em Birigui na nossa volta.

A Vanda e a Regiane, que nos deram o nosso macote e "cão de guarda" o Scooby.

A Vanda e o Alexandre, que seguraram minha onda no serviço e permitiram que eu viajasse tranquilo.

Este blog foi escrito em dedicação à vocês,  e para que pudéssemos compartilhar nossas experiências.

A todos vocês, o nosso muito obrigado mesmo!

O odômetro no encontro com o André, inicio de viagem 67.571 km

Odômetro após a chegada em casa, 76.640 km.
A Suzi em casa, vai descansar por um tempo
                                                             >>>>>>> Fim da aventura <<<<<<<<<

8 comentários:

  1. adorei sua viagem.. acredito que tenha sido ma-ra-vi-lho-sa, valeu muito à pena, tenho certeza que os momentos de dificuldades que passaram não foi nada perto de toda grandeza de aprendizado e crescimento. seu relato claro e preciso me fez ver com seus olhos! bjs.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado Ronaldão, esse blog foi um presente de irmão!!!!!!! Espero que muitas e muitas pessoas leiam!!!!!!

    ResponderExcluir
  3. André,

    Presente para nós foi a viagem, pequena, mais muito além do que eu imaginava.
    Obrigado irmão, sem você eu não teria feito, e se fizesse não teria a graça que teve.
    Obrigado pelo companheirismo, pela paciência, por tudo !
    Precisamos fazer outra afinal ha lugares por onde não passamos né ?

    Abraço

    ResponderExcluir
  4. Parabens,pela aventura, o blog esta muito bem feito, uma viagem desta é o sonho de todo motociclista aventureiro,
    vc poderia informar quanto gastaram na viagem?
    abraço James

    ResponderExcluir
  5. Caro James,

    Obrigado por acompanhar nossos relatos.
    quanto aos custos, nós tivemos os custos de preparação, pois revisamos as motos trocamos pneus, relação, corrente de comando etc. Compramos equipamentos novos, capaçete, câmera de filmagem, roupas etc.
    Os custos de preparação no meu caso foram de R$ 5.550,00, isto porque a moto precisava de uma bela revisão, é uma moto 1996.
    No bolso saímos com USD$ 2.000,00.
    No Brasil, usamos cartão de débito (para alimentação, combustivel e hotel)no exterior o cartão de crédito foi usado duas vezes apenas, na pousada em San Pedro e no hotel em Puno.
    A soma do débito mais o crédito aproximadamente uns R$ 700,00.
    Se você não precisar uma revisão pesada na moto, como fizemos, e já tiver os equipamentos (ou a maior parte) com uns R$ 6.000,00 dá para ir com folga.
    Vale lembrar que o Chile não é barato, já o Perú ao contrário é muito barato mesmo. Se você viajar em duas pessoas, os custos de hospedagem caem sensivelmente (foi o nosso caso).
    Abraço

    ResponderExcluir
  6. Obrigado pelas informaçoes,
    li todo o blog, novamente parabens pela aventura e pelo blog, esta otimo,
    mas fiquei com uma duvida, desconsiderando os gastos iniciais, vc gastou 2 mil dolares + 700 reais?
    è que faremos uma viagem bem semelhante, passo com estrada de chao, atacama, nazca, cusco, em umas 7 motos e uma caminhonete, um roteiro bem semelhante ao seu, sairemos dia 02/01/12, de SC e RS, uns 11 mil km , 25 a 27 dias
    me passa seu email?
    abraço

    ResponderExcluir
  7. Meu e-mail é rsrohdt@ig.com.br.

    Bem, a caminhonete vai gastar muito mais, por causa dos pedágios e do combustivel, além do que os policiais adoram pegar uma grana de quem anda de carro, pois eles sabem que terá de ir com bastante dinheiro.
    Nós viajamos 23 dias, por isto para uma moto que faça ao nivel do mar uns 22 km/l e vai ficar mais uma semana, reserve aí uns 3.5 a 4 mil reais só para ir no bolso.
    Agora em muitas motos a viagem demora muito mais, cada parada para abastecer, pagar pedágio, tomar um café, almoçar, demora !
    Sabemos porque já fizemos várias viagens com 7 até 10 motos.
    Abraço

    ResponderExcluir