terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Dia 21/12/2010 - Um dia perfeito em San Pedro de Atacama (Lagunas).

No dia seguinte, à luz do dia, entendi porque gostei da pousada "Elim", o lugar é simples, mas muito bem arrumado e para nós, que estamos de moto, a conta certa.

Fachada do Hostal Elim

As Suzis lá dentro

Muito agradável
Nosso café foi servido pela senhora que na noite anterior nos salvou quando a encontrei naquela esquina. Não sei se a pousada é dela ou se ela só trabalha lá, não perguntei.

Saímos a pé e fomos até a Calle Caracolles procurar casas de câmbio, encontramos fácil e depois de muito fazermos contas, entendemos que 10.000 pesos chilenos equivalem aprox. a 45 reais. Falta saber agora o que isto vale aqui, o melhor parâmetro é encher o tanque das motos. Quase ao lado, ali é tudo perto, entramos numa agência de passeios e fechamos rapidinho pro dia seguinte, Geisers El Tatio e Valle de La Luna.  Também a 25.000 pesos por pessoa (equivalente a uns 120,00 reais) os dois passeios tava ótimo, tínhamos a expectativa de que iríamos gastar uns 400,00 reais cada um.











Ao fundo a minha esquerda, uma "beleza exótica"


Saímos dali e fomos dar um "role" nas ruas do centro já com outra visão da cidade que, na noite anterior tinha-nos parecido horrível. Na rua do corpo de bombeiros, paramos para tirar fotos de uma Honda Africa Twin (foi meu sonho de consumo por muitos anos), aí o proprietário apareceu, Andrés, ele nos disse que era ano 2001 das últimas fabricadas. Nos deu seu cartão, ele trabalha como guia de moto.  Perguntou se nós andávamos na terra, isto porque seus clientes sempre dizem que sim, só que na hora do rípio amarelam.
O André tratou rapidinho de lhe informar que havíamos vindo pelo Paso de Sico, ok assunto encerrado, o André só não disse que eu sou "bração" e já tenho um terreno lá.
Claro que nos ofereceu passeios, mas lhe dissemos que já tínhamos comprado.  Nossos planos eram de visitar as lagunas à tarde (já sabíamos onde eram) e depois dar um tempo das motos no dia seguinte.


Lá ao fundo o vulcão Licancabur

Honda Africa Twin - 750 ano 2001


Final da Calle Caracolles, onde erramos a entrada à noite.
Tínhamos que comprar algum produto para limpar as correntes das motos, chegamos à San Pedro cobertos de pó, e as motos mais ainda. Ao contrário do que imaginávamos, nos informaram que não iríamos achar querosene no posto de gasolina e sim em uma "ferreteria". Saímos a procura de uma, daí passamos por uma enorme pousada e ao lado havia um "supermercado", que de "super" só tinha o nome. Lá dentro deste, compramos maçãs, água, pão de forma, refrigerante, queijo e presunto fatiados, beleza...   Outra coisa que achamos fácil, foi um jogo de chaves de fenda de relojoeiro, pois a filmadora "Contour" não gostou do fesh-fesh, pois quando caí e ao desligar a câmera, minha luva estava impregnada de pó que entrou na lente e nos "lasers". A última coisa que filmou foi meu tombo e minha mão desligando.


"Super Mercado" em San Pedro

"Calle"  típica de San Pedro...
Acabamos descobrindo no final da Calle Caracolles que, ferreteria é casa de material de construção!
Não tinha querosene, ou não conseguímos explicar, porém acabamos levando 1 L de removedor e um pincel. Voltamos para a pousada onde conseguímos uma mangueira, partimos para manutenção das motos, lavamos as correntes com removedor e água e também limpamos os filtros de ar.


Meus alforges depois do Paso de Sico

A filmadora Vhold Contour com fesh-fesh !

Manutenção sob o sol do deserto !
Por incrível que pareça, não perdemos nenhum parafuso no Paso de Sico !


Tudo seca rápidinho
O sol daqui é impiedoso, não se aguenta ficar exposto.  Fizemos um lanchinho enquanto tudo secava, consegui lavar os alforges e consertar a filmadora.

Fomos abastecer as motos, só que o posto não é fácil de encontrar, fica escondido dentro de uma grande pousada, rodamos um pouco e na segunda vez que passávamos na mesma rua, vi uma placa com uma seta indicando "Servicios". Abastecemos e não me lembro, mas foram por volta de 9.000 pesos cada, o preço da gasolina é igual ao do Brasil, só muda a qualidade é claro. Tínhamos nos tanques ainda de 2.5 a 3 litros cada, chegamos em cima na noite anterior!

Depois, ainda deu tempo pra descansar antes de partirmos para o passeio. Sabíamos que as lagunas estavam à aprox. 120 km e que o sol se punha lá pras 19:30 h, então dava para sairmos umas 15:00 h e voltarmos tranquilos com o sol mais ameno.   Conseguimos resolver tudo rápido e fácil até aqui, perfeito...

Por volta das 15:00 h resolvemos sair.  Meu! Estar em um oásis no deserto dá uma preguiça!      O Scooby ficou lá curtindo a sombra, nós voltamos para a estrada, porém sem bagagem a moto é outra.

Vida dura a do Scooby !
Pegamos a ruta 23 de volta e fomos curtindo o visual que no dia anterior já tinha nos deixado maravilhados, fomos curtindo a estrada. Em um trecho há uma grande elevação do lado direito, onde se estende o Salar do Atacama, é um grande morro arredondado. Nós vimos várias estradinhas que vão deserto à dentro ao lado do tal morro, então o André resolveu experimentar uma delas. Ele conseguiu entrar uns 500 metros enquanto eu fiquei olhando do acostamento, quando percebi a dificuldade dele para conseguir virar a moto, resolvi ficar ali mesmo. A areia é pesada e fofa, só carros com tração integral e pneus muito largos vão bem por ali. De moto, só com pneu de areia e muito braço. É engraçado isto, você olha o deserto e parece que você pode entrar e ir pra onde quiser, mas não é bem assim!

Ruta 23, de volta a Socaire
Rumo às Lagunas
O André no Salar do Atacama
A foto dos seus sonhos !
Só que não é mole não !
Pelo menos ele conseguiu uma bela foto!

A ruta 23 passa paralela ao fim dos Andes, na borda do deserto, é como a Rio Santos, só que ao invés da serra e do mar, temos  a serra árida e o deserto. Hoje vimos o que nos pareceu ser um observatório astronômico na encosta, a portaria fica bem na ruta. Não é, é o projeto ALMA  Atacama Large Milimeter Array, que é uma instalação de rádios telescópios, um projeto em andamento e orçado em 1 bilhão de Euros!

Passamos por Toconao, o André passou a milhão, acho que foi por causa do dia anterior quando a gente tava quase sem gasolina por ali.  Depois passamos por Socaire, onde perdi de tirar uma bela foto, não tem jeito, se você vir algo pare, se deixar pra depois já era, a luz muda etc.

O Asfalto acabou e passando pela quebradinha Nascimento, tinha uma senhora sentada cuidando de ovelhas, ao lado dela um lindo cachorrão, a cena era digna de uma foto. O André parou e pediu pra tirar a foto, ela disse que não, eu acho que ela não o entendeu, mas o André preferiu não insistir, que pena.
É incrível como os cenários mudam aqui, nos afastamos da borda do deserto e subimos, a quebrada de que falei está já a 3500 m.  Logo chegamos naquele trecho estranho, onde parece asfalto mas não é, é a reta que passa ao lado das lagunas. Saímos dela e pegamos a estradinha que sobe em diagonal em direção às lagunas.  Hoje a filmadora estava funcionando e registramos tudo.


Rípio de volta após Socaire

É por aqui !
Ao fundo os vulcões Lascar e Chiliques.
O André adora fazer pose, olha a roupa de bailarino !


Já estamos de blusa

Opa ! algo já se avista..
A estradinha é linda e divertida, quando chegamos ao topo, o André ia na frente, pudemos avistar a Laguna Miscantí.  PQP!  Foi a única coisa que conseguimos dizer...    Noossa, ainda bem que viemos!

PQP !  ainda bem que viemos !

A Laguna Miscanti é emoldurada pelo vulcão com o mesmo nome, ela tem um azul de mar (de fato é salgada).  A estrada desce pela lateral do morro onde há uma casa, o posto de controle indígena onde uma índia montada em quadriciclo azul, de boné e botas de trekking, roupa de frio e óculos escuros (mais equipada que nós) atendeu ao André.

Não me lembro quanto foi a entrada, acho que 5 pesos cada um, o André pagou cantando de tão feliz que estava!


Posto de controle.
Elas cobram, mas zelam pelo lugar !
Elas, digo "elas", pois apareceu outra índia, nos avisaram que não se pode chegar até a água das lagunas, só até o local demarcado pela trilha de pedras, isto para ninguém perturbar a fauna local.

Paramos na estradinha, o André "se acabou" pra fazer o "salto da gazela" naquela paisagem, eu fiz ele pular várias vezes pois eu errava o tempo da máquina fotográfica, estávamos a 3800 m!


Laguna Miscanti, com vulcão do mesmo nome em primeiro plano, ao fundo Lascar

O Salto da Gazela a 3800 metros de altitude !
Conseguímos registrar, mas ele ficou acabado, por isto só eu fui caminhar até mais próximo da Laguna, mesmo assim voltei com a língua de fora.  Há muitos pássaros nas bordas da laguna, todos lá na sua rotina imperturbável.  A natureza é assim, se o homem não mexe, tudo funciona perfeitamente...
As lagunas Miscanti e Meniques ficam uma ao lado da outra, separadas por uma elevação rochosa, por isto não dá pra ver as duas ao mesmo tempo, até que da, se você subir uma elevação de pedras, que no meu entender levaria horas naquela altitude.

Ponta direita da Laguna Miscanti com Serro Meniques ao fundo

Vulcão Miscanti
Quando avistamos a Laguna Meniques, concordamos ser ela mais bonita ainda, a mesma é emoldurada pelo Serro Meniques (que também já foi um vulcão).

Ficamos ali muito tempo curtindo aquele visual maravilhoso.  O André filmou o lugar e dedicou o filme ao seu pai, o meu também ia adorar este lugar, acho que eles iriam até querer pescar!


Laguna Meniques
É mais bonita que a anterior
Há mais aves na Meniques do que na Miscanti
Incluindo Flamingos

A tarde caía, era hora de irmos. Saímos de lá certos de que no dia anterior não teríamos conseguido curtir o lugar e que foi mais que acertada a nossa decisão de voltarmos hoje.




As "poderosas" que nos trouxeram até aqui.
Momento de contemplação...
Nos divertimos com a estradinha de volta, estava uma tarde linda, eu avisei o André que iria parar na quebradinha.


Eu bem ao longe na estradinha de volta
Mais perto
Quando chegamos lá, aquela senhora, seus cão e suas ovelhas não estavam mais lá, que pena de novo.
É uma pequena quebrada de pedras, onde na lateral esquerda corre água por um canal, tem-se impressão que a água "sobe" pela lateral da estrada, mas é uma ilusão de ótica.  Eu desci e entrei no vale rochoso, procurando um lugar para cumprir uma promessa que fiz a mim mesmo, acender velas para os meus "Orixás" nos Andes.  Não importa o credo, se os chamamos de Anjos-da-guarda, Santos, Orixás, espíritos protetores, acreditemos ou não eles estão lá conosco. Eles não precisam de velas, o ato de acendê-las, naquele momento era a minha forma de dizer-lhes, eu sei que vocês estão aqui, muito obrigado!

Eu chegando a Quebrada Nascimento
A água passa no lado esquerdo na segunda elevação
Ao lado da ruta está canalizada e tem-se a nítida impressão de que corre para cima
Meu agradecimento...
Demorei bastante para conseguir, devido ao vento e à areia grossa onde meus pés afundavam e  ainda mais, deviso à altitude de 3500 m. Mas ali, aos pés do vulcão Lascar, o lugar era muito significativo.

Com a sensação de um desejo realizado, voltamos pela ruta 23 curtindo o pôr de sol no Salar do Atacama.
O André comentou sobre tentarmos visitar o observatório, mas me pareceu que no fim da tarde o "expediente" tinha se encerrado na portaria.  De fato, no planejamento inicial desta viagem pretendíamos passar por Antofagasta, onde ao sul, uns 160 km, estão alguns dos maiores telescópios da atualidade, o projeto ESO. Na minha cabeça ainda está o desejo de conhecê-los, mas ficará pra outra oportunidade.


O Pôr do Sol na Ruta 23 voltando à San Pedro


Agora sim, bem vinda a San Pedro !
Chegamos à San Pedro já quase anoitecendo, deixamos as motos na pousada e fomos jantar.  O André já tinha visto um restaurante bem simples em uma das travessas da Calle Caracolles.   Matou a pau, bem simples mesmo e baratinho, tipo prato feito em SP, mas a comida muito boa.   Sentamos o pé!  Comemos bastante, pois aqui não há problema, San Pedro fica a 2650 m de altitude.
Voltamos para a pousada para arrumar as coisas e dormir cedo, afinal o dia de amanhã promete!

Rodamos neste dia 260 km em aprox. 4 horas.   San Pedro del Atacama -> Lagunas Miscanti e Meniques  (ida e volta).
O restaurante, não sei o nome nem o nome da rua.

3 comentários:

  1. seu agradecimento aos amigos espirituais me emocionou.. bjs

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  2. caracas, espero que possa tirar umas fotos iguais a esta la.. bjs djan

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  3. Caramba Andre, vc nao contou pra ninguem la que vc era brasileiro né?? Com aquela roupinha!! Jeeeeeesssuuuuuusss!! Coisa horrivel! MAnda um photoshop nele Ronaldão, kkkkk

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