terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Dia 28/12/2010 - Rumbo Cuzco (o altiplano Peruano).

Assim que o despertador tocou, fui olhar pela janela como estava o tempo lá fora.
Continuava chovendo e frio, um céu de nuvens baixas e escuras se estendia sobre o lago Titikaka.
Olhei para a cama e fiquei tentado a voltar para ela, mais não estamos aqui a passeio, pensei.
Na realidade estávamos, mas por melhor que seja uma cama de hotel, a 83 dólares por dia não dá não é?.
O André não ficou muito feliz de ter acordado e ter de sair daquele conforto para o "hostil" mundo que estava lá fora...
Para amenizar a situação, fomos então tomar café que, neste hotel é bom mesmo!   Self-service, tudo à vontade, no Brasil isto é comum, mas por estas bandas só nos lugares "chiques".
O André teve a idéia de encher um squeeze com chá de coca, ficamos meio sem jeito, pois de repente o local encheu-se de gringos, tudo bem, podem pensar o que quiserem, desde que cruzemos 450 km no altiplano felizes!

Mais uma vez os mensageiros levaram nossas bagagens até as motos, as mesmas estavam secas, pois haviam coberto as duas motos como uma lona!  Tratamento VIP.  Fechamos a conta, que por conta do jantar ficou meio salgada, pagamos com cartão de crédito.
Esta foi a segunda vez que fizemos isto, da outra vez que pagamos hotel assim foi em San Pedro no Chile.
A chuva deu uma trégua e conseguimos arrumar as bagagens nas motos com calma.

Na avenida do hotel já paramos no primeiro posto, como sempre uma confusão de carros para todos os lados.



Postos no Peru, sempre cheios e confusos



A Suzi sendo abastecida



Parou de chover aqui, porém mais adiante, chuva outra vez


Abastecemos, neste trecho não levamos gasolina de reserva, eu tinha lá minhas dúvidas, mas fomos pela lógica, são 450 km entre duas importantes cidades, Puno e Cuzco, tem que ter combustível no caminho.
Saímos da cidade cortando por um bairro e logo estávamos na ruta 3S onde há uma serrinha. Haviam muitos carros e ônibus e pouca chance de ultrapassagem. Dali dava claramente para ver o altiplano acompanhando a imensidão do lago. A umidade sempre presente com uma neblina e garoa.  Logo em seguida a ruta 3S vira uma imensa reta, a pista é simples com um acostamento estreito e em desnível.
A estrada passa a uns 3 metros acima dos campos e, de novo muitos animais, desta vez os cachorros deitados ou sentados no acostamento. Já no asfalto, umas bestas, o pessoal por aqui não tem a mínima noção, chovendo, estrada estreita, com muito movimento, pessoas e animais cruzando, e os caras com o pé no fundo. Não demorou muito para começarmos a ver uns caminhões caídos fora da estrada. Para mim pelo menos, este foi um trecho tenso.
Em uma hora aproximadamente, entramos em Juliaca, a segunda maior cidade do altiplano sul, na entrada da cidade a ruta vira uma autopista com canteiro central, mas a quantidade de veículos de todo tipo é grande. Chovia e havia muito barro na pista.

A mentalidade peruana ao volante é a seguinte, todo mundo buzina o tempo todo, os maiores aceleram pra cima dos menores que, literalmente saem correndo da frente. Depois de um tempo entendemos a hierarquia: Motos e tuc-tucs* se jogam em cima de bicicletas, pessoas e animais. Carros se jogam em cima das motos e tuc-tucs, Vans e micro-ônibus vão pra cima dos carros. Ônibus tentam atropelar as vans e finalmente os grandes caminhões passam como trens, buzinando em alta velocidade tirando tudo e todos da frente.
* Tuc-tuc é uma moto modificada de forma a virar um triciclo, na parte de trás há um banco transversal para os passageiros, o piloto vai na frente como se estivesse em uma moto, todos são cobertos com lona plástica, são os moto-taxis daqui.

Foi neste cenário que a auto-pista terminou no centro da cidade, tivemos que atravessá-la pelo centro que era um caos, gente e veículos para todo lado, lama, chuva e a viseira do capacete embaçando. O André se matava de rir do meu nervosismo, eu fiquei de fato estressado, ao ponto de em um cruzamento eu ficar olhando para um tuc-tuc que chegava junto comigo em rota de colisão, quando desviei dele o André gritou pelo scala rider:  olha o guarda! o guarda!  kct você quase atropelou ele!  Parei e foi aí que ví "uma" policial no meio das duas avenidas com as mão para cima gesticulando.
"Ela" a policial estava ali tentando por ordem ao cruzamento, eu já integrado ao caos nem a vi!   Fiquei parado por um tempo esperando ela vir me enquadrar, mas como isto não aconteceu, ela apenas ficou lá de longe me xingando, então aceleramos e fomos embora.
O André se divertia, ria muito enquanto eu estava espumando.   Eu tinha meus motivos, havíamos rodado apenas 50 km em uma hora e meia, tínhamos pela frente mais 400 km, a altitude iria subir em algum lugar, tinha dúvidas quanto ao combustível, tudo isto somado ao frio, a chuva e aquele caos. Estes poucos fatores tinham me tirado do sério.

Felizmente após a cidade, a estrada ficou mais calma, o bicho pega mesmo é entre as duas cidades, Puno e Juliaca.

Depois de Julica a pista volta ser simples e a ter grandes retas, a chuva deu uma trégua, mas continuava frio e nublado e eu continuava abismado com a quantidade de cachorros mortos e vivos na beira da pista. Já havia dito para o André que se eu atropelasse algum, a viagem acabaria para mim. Por isto da minha pilotagem cautelosa e com os olhos bem abertos, mas isto cansa...
Uns 20 km após Juliaca a ruta faz uma curva à esquerda e aí passamos por umas casinhas (Calapuja) e logo em seguida há uma bifurcação. As placas indicavam que à direita ia para Laguna Arapa, ficamos na dúvida e perguntamos para um senhor que ia de bicicleta pela estrada. Nos indicou seguir em frente, fomos lá e logo a estrada virou uma buraqueira só.

Neste trecho, a ruta margeia o rio Ezamprogno e tem curvas, subidas e descidas, roda-se por uns 40 km desviando dos buracos, sendo destes uns 20 km muito ruins mesmo. Aqui, aquele vazamento do óleo do amortecedor traseiro do André lhe fez sofrer muito, segundo ele alguma coisa batia forte na balança traseira. Ficamos preocupados, eu principalmente, pois o André quando fica nervoso com algo, acelera. Eu por minha  vez lembrei que havíamos calibrado os pneus ao nível do mar, então agora eles deveriam estar uns balões e por isto minha moto pulava bastante nas ondulações. Fomos em frente até a cidadezinha de Pucára, onde paramos em posto com duas bombas velhas no meio do barro. Fomos atendidos por dois adolescentes, um garoto e uma menina.

Antes de sair, decidi baixar os pneus, o André não quis, para mim ficou muito melhor a pilotagem, e a estrada melhorou também.





Pelo menos tínhamos combustível, mas foi uma preocupação infundada, pois uns 30 km adiante esta a bifurcação da entrada da cidade de Ayaviri, onde bem na curva há um grande posto de gasolina. Foi bem ali que cruzamos com uma BMW GS de um casal que vinha em sentido contrário e os acenou ao passar. O sol já tinha aparecido, mas não estava quente.





Passamos pela lateral da cidade onde a ruta cruza a linha do trem Puno-Cuzco, e depois seguimos por uma enorme reta com campos de pastagens enormes dos dois lados. No meio da reta paramos para fazer um xixi, foi aí que o André lembrou que não havíamos lubrificado mais as correntes das motos desde Arica no Chile!   Ok, executamos a tarefa no acostamento mesmo.









No fim da reta, uns 30 km depois de Ayaviri, começa um trecho com montanhas em ambos os lados, paramos para tirar fotos dos picos nevados. Um pouco mais adiante está o povoado de Santa Rosa, no total são uns 70 km após Ayaviri, então chega-se literalmente ao ponto alto deste percurso. Abra La Raya a 4338 m de altitude. Ali também é a divisa entre as províncias de Puno e Cuzco e praticamente a metade do caminho entre as duas capitais das províncias.  Junto à placa que marca a altitude, há um muro de pedras onde habitantes locais vendem tapetes, peles e roupas.





Olha a altitude, 4338 m

O "biker" estacionando ao lado da placa
Paramos para as habituais fotos, quase ao mesmo tempo parou um maluco de bike, calmamente encostou a bike e a 4338 m de altitude, acendeu um cigarro e ficou lá fumando!
A gente mal conseguia caminhar, e o cara de bicicleta (que vinha de longe) fuma na maior calma pra depois pedalar mais uns 200 km!

O Sueco maluco
Não lembro quem puxou conversa, mas ele disse que era Sueco, estava vindo de Cuzco e indo para Puno, ou seja o mesmo percurso que nós estamos fazendo de moto só que no sentido oposto. Ele perguntou como estava o tempo na estrada, nos despedimos e ele partiu pedalando calmamente sua bike com carretinha atrás... Só faltavam 206.5 km a 4000 m de altitude para ele chegar. E tem gente que acha que nós que andamos de moto somos malucos...

Lá vai ele, na placa a distância para pedalar até Puno
Vimos uma senhora vindo com uma lhama enorme, adivinha o que aconteceu?



 Ela (a lhama) deu um beijo no André !


O sedutor de lhamas ataca novamente!
Depois uma senhora que estava junto com um pessoal de um ônibus, veio toda animada conversar com André fazendo um monte de perguntas em português. Respondemos algumas (achei que fomos até meio indelicados) mas nos despedimos dela e partimos.
Nem tomando chá de coca dá pra ficar muito animado numa altitude destas.



Seguindo em meio as montanhas logo à seguir estão os banhos termais, e depois a ruta entra em um vale, este trecho tem uma paisagem parecida com os Alpes na Suíça (guardadas as proporções claro) com enormes pastos verdes com casinhas dispersas a se perder de vista e claro, muitas ovelhas e gado pastando.  Foi ali que tiramos fotos um do outro vindo na estrada, é o trecho entre Sayapampa e Marangani.
O tempo estava aberto e agora fazia um lindo dia, paramos em um pequeno posto de gasolina e fomos atendidos por uma senhora, ela muito atenciosa. Na hora de pagar, sem querer peguei uma nota de dez mil pesos chilenos, novinha tinha saído do banco central chileno.
A senhora ficou olhando a nota e me pediu de presente, eu pedi desculpas e expliquei que valia muito aquela nota, uns 60 soles.
Então ela me ofereceu 20 soles, eu disse que não, 30, 40 eu disse que não estava à venda, aí peguei uma nota de mil pesos chilenos. Ela perguntou: esta aí quanto vale?  Eu chutei 5 soles, te dou 2 ela disse, como respondi que não ela ofereceu 3 e eu aceitei conseguindo assim "resgatar" a minha valiosa nota de dez mil!  Pelo jeito ela ficou feliz admirando a nota e, eu por ter recuperado o equivalente a uns 45 reais.



Lá vem o André



Agora venho eu
Este trecho é quase plano e tem grandes retas, são uns 40 km desde Abra la Raya até Sicuani, um povoado maior que é cortado ao meio pela ruta. A partir dai a ruta volta a ficar sinuosa e passa por muitos vilarejos e como sempre, muitos animais e pessoas na beirada da pista. Isto me fazia reduzir a velocidade e abrir muito os olhos, eu não tenho mais os reflexos de quando tinha 20 anos.
Entre as cidades de Sicuani e Tinta, estão as ruínas de Racchi, era minha intenção "dar uma olhadinha" mas quando passamos não disse nada para o André, queria mesmo era chegar logo em Cuzco. Neste dia quem não estava muito bem era eu, me sentia muito cansado.




No meio do trecho entre Tinta e Cusipata pode-se ver a Laguna Pomacanchi à esquerda da ruta, foi neste trecho sinuoso que dois micro-ônibus começaram a andar muito próximos a gente, colando mesmo, num primeiro momento aumentei a minha velocidade, mas como um deles insistia em colar, o deixei passar. Os caras, principalmente um deles, andavam feito loucos, iam fazendo curvas com o veículo muito inclinado. Em algum lugar eles pararam e nós os passamos.  Mais adiante quando a ruta cruzava um vilarejo com muitas pessoas conversando à beira da calçada, outras na faixa mesmo, reduzi a velocidade e fomos devagar, quando vejo o maluco do micro-ônibus vem pela esquerda em alta velocidade e literalmente jogou o ônibus pra cima das pessoas (incluindo crianças) que tiveram que correr para sair da frente. Apesar de eu ter ficado indignado, não ví ninguém reclamar, eles acham isto normal, é a cultura local...
Os malucos dos ônibus continuaram rasgando na nossa frente e então chegamos à Urcos, novamente a ruta atravessa a cidade, porém ficou nítido que os caras "tiraram o pé", eu fiquei atento e disse pro André, vamos maneirar porque tem algo por aqui, e de fato, no centro de Urcos vimos muitos policiais com uma postura ostensiva. Acho que eles não dão moleza por aqui.  Urcos é uma cidade até grande e com muito movimento, ao lado da cidade há uma bela e pequena laguna.



Feira em Urcos

Este "veículo" à esquerda é um TUC-TUC 

Trânsito confuso é o padrão
E muita gente na beira da estrada também

A próxima cidade (se bem que há casas à beira da ruta em todo este trecho, e ia ser assim até Cuzco) é Andahuaylillas.  À direita desta, está o encontro com a ruta 26S que vai para Puerto Maldonado (é o caminho para o Brasil via o Acre). Havia uma viatura da policia rodoviária Peruana parada na bifurcação, eles só olharam para nós.
Aqui segundo me consta, já faz parte do Vale Sagrado, se bem que tudo no Peru parece ser sagrado, menos o trânsito é claro.




De Urcos até os arredores de Cuzco são uns 50 km passando por Oropesa. Este foi um trecho que não rendeu devido ao movimento e a urbanização da ruta. Finalmente chegamos aos subúrbios de Cuzco, que é bem bagunçado, o trânsito é caótico para variar.
Pegamos uma avenida de duas pistas que se chama Prolongación de La Cultura, cheia de buracos e com o asfalto muito sujo de terra, como havia parado de chover aquilo tudo virou um poeirão levantado pelos carros e vans cruzando para todos os lados,  apesar do calor que estava fazendo tínhamos que rodar como o capacete fechado, ainda assim eu sentia areia entre os dentes.
Pelo que entendi, são várias cidades satélites grudadas em Cuzco e não se percebe a mudança de um lugar para outro e, esta avenida vai cortando tudo isto, até que encontramos no canteiro central uma enorme estátua de um condor. Estranhamente a partir dali o asfalto fica bom, sem buracos.
Acabamos praticamente no centro histórico, viramos aqui e ali e acabamos na avenida El Sol e fomos parar na praça San Francisco. Havia um hotel grande, o André foi lá perguntar o preço e era caro além de não ter vaga.  Neste dia o André havia me dito que ele cuidaria de achar o hotel, no dia anterior ele não estava bem e neste dia era a minha vez de não estar.
Enquanto eu esperava, um senhor de muletas do outro lado da rua me perguntou:  Donde vienes?  Brasil respondi.   Bienvenidos a Cuzco! Ele me disse sorrindo enquanto cruzava a rua subindo para a praça.

Não me recordo direito, mas acho que foi neste ponto que apareceu um senhor oferecendo ajuda para encontramos hotel, ele pegou um taxi e nós o seguimos. Vira pra cá vira pra lá, acabamos parando na Calle Santa Catallina, que por sorte tinha sombra, estacionamos as motos junto ao meio fio, fiquei ali na estreita calçada cuidando das motos enquanto o André seguia o tal sujeito para cá e para lá. O problema era que a cidade já estava cheia e, em todos os lugares não havia mais vagas para os dias 31 e primeiro, quando havia, o lugar não era bom. Não me lembro quanto tempo passei ali, mas sei que o André andou muito. Em um certo momento eu fiquei ali com aquele senhor enquanto o André andava, neste interim o tal sujeito me convenceu que ele tinha uma boa opção, precisava pegar um táxi e ir lá para ver.
Quando o André chegou todo animado junto com uma menina, disse que tinha arrumado um lugar legal mas sem estacionamento, era só seguirmos a menina até o local. Naquele momento, eu que não estava muito legal, tive um raciocínio muito lógico infelizmente, e disse para o André que tínhamos que ver o local que o senhor estava indicando.   O André meio contrariado foi, quando voltou estava puto, disse que era um pulgueiro no fim do mundo. A menina que esperava pacientemente combinou conosco que faríamos a volta no quarteirão e a encontraríamos na rua debaixo.  Só que erramos a entrada naquela confusão e a perdemos, o André ficou puto, ele não brigou comigo, mas bem que podia tê-lo feito, afinal a pisada na bola foi minha, mandei ele ver aquela opção furada.  Quando não encontramos a menina ele nervoso gritou, "quero ir embora desta por.. de cidade".  Eu fiquei constrangido, afinal eu não ajudei em nada só atrapalhei, eu tinha imaginado que ele já soubesse onde era a pousada que a menina indicava...

Bem, pedi desculpas ao André e tentei tomar uma postura mais pró-ativa, fizemos algumas voltas naquelas ruas de mão única, passando inclusive por uma praça onde bastava virar à direita, porém por uma engenharia de tráfego ilógica, tinha-se que dar a volta na praça, e claro que havia um guarda ali para evitar que o caminho mais lógico fosse utilizado.
Tateando pela descrição que o André tinha, finalmente conseguimos acessar a Calle Maruri e achamos a pousada Wasichay, que fica em cima da casa de câmbio Western Union.  Ótima opção, ficamos com o quarto que tem a sacada para a rua, o André negociou a 35 dólares a diária do quarto duplo, até o dia 01/01/2011. A menina estava lá, era a pousada que procurávamos.
Para não esquecer de citar, antes de sairmos para encontrarmos a menina, conforme combinamos, chegou um maluco com uma XT-660R vermelha, ele tinha vindo sozinho de Minas via Puerto Maldonado. Um sujeito muito alegre, perguntou se nós já tínhamos caído de moto em Cuzco!

Pois bem, ele caiu numa valeta no meio da rua, nós tentamos lhe indicar a ideia do hotel, mas ele animado com um guia na mão estava a fim de rodar atrás. Ele falou do frio que passou cruzando os Andes, e eu imaginei, para um mineiro, o que ele deve ter sofrido!
A senhora que é dona da pousada é muito atenciosa, descarregamos as motos, literalmente jogando nossas coisas no quarto, pois havia uma bela escada a ser enfrentada a cada viagem. Agora faltava arrumarmos o estacionamento para as motos. Segundo uma indicação que recebemos, havia um na Calle Santa Catallina, a mesma onde fiquei esperando o André resolver tudo. Fomos lá e de fato há um estacionamento, contudo fomos atendidos por uma senhora que não sabia nos dizer nada, nem preço, nem se havia vagas. Dizia que tínhamos que esperar por alguém que ela não sabia quando chegaria, ótimo.  Então deixei o André lá e fui a pé procurar outras opções, na mesma rua existiu um outro estacionamento mas fechou. Me indicaram um descendo a rua perpendicular, lá fui eu descendo e descendo e nada. Fui até quase o fim da longa rua, sem achar a opção, mas quando vinha subindo de volta, perguntei a um rapaz em um bar, ele me disse para descer novamente até uma grande porta azul.

Indicação correta, entrei e lá dentro um grande estacionamento, perguntei o preço a uma senhora me disse, 20 soles por dia, eu emendei, para as duas motos né?   Ela disse, não cada uma!
Achei caro demais, porém tinha vaga até quando quiséssemos, então subi a rua e quando cheguei lá no alto e parei na esquina, e vi o André desesperado porque eu tinha sumido, fiz sinal para ele e por uns dois minutos tomei folego. Cuzco fica a 3400 m de altitude.

Falei do que havia encontrado, fomos novamente falar com a mulher do primeiro estacionamento, que ligou para alguém e disse que seriam 12 soles por dia cada uma.
Quando decidimos deixar as motos ali, perguntamos onde podíamos estacionar, ela de novo não soube dizer, ligou de novo e quando voltou nos mandou encostar as motos em uma parede ao lado de uns carrinhos de doces.  Quando reclamamos que ali não dava, ela disse que depois alguém iria levar as motos para outro lugar no estacionamento.   "No way" pensei, de jeito nenhum vou deixar um maluco manobrar a Suzi, ainda por cima em um lugar onde ninguém parece cuidar de nada. O André concordou e decidimos ir ao estacionamento mais caro que eu havia visto.
Quando chegamos lá, foi o dono do estacionamento que nos atendeu e depois de muito choro do André, deu um desconto, de 80 por 70 soles cada moto para os 4 dias. Nós mesmos guardamos as motos em um lugar coberto lá no fundo, ao lado de uma Mitsubyshi L-200. Colocamos as duas motos lado a lado ocupando a vaga de um carro. Pretendíamos voltar a rodar com elas só no dia 01/01/2011.
Por sorte não tínhamos que subir a rua, pois alguns metros adiante há um atalho pela estreita viela Cabrancha, que sai já na rua da pousada.
Nossa próxima difícil missão era a de fazermos câmbio, estávamos usando o dinheiro que trocamos em Tacna desde quando entramos no Peru!
Com uma casa de câmbio debaixo do nosso quarto, este "problema" foi resolvido rapidamente, nos demos ainda ao luxo de voltarmos lá mais vezes para trocar mais.
Agora sim, depois de um bom banho, trocados e com cara de gente, fomos procurar um restaurante, não andamos muito e bem na esquina entramos em uma portinha, lá dentro um lugar pequeno mais muito bem arrumado. Como agora já fazia um friozinho, o forno à lenha tornava o lugar muito agradável.  Pedimos um calzone que, quando chegou eu achei enorme, disse que não ia comer tudo aquilo, tiramos fotos e rimos muito, mas no final não sobrou um farelo!
O André disse que iria comer sozinho
Claro que eu não deixei, afinal ele iria passar mal
Fomos caminhar e conhecer a Plaza de Armas, o centro nevrálgico de Cuzco, o André sabia que era ali o lugar para procurarmos os passeios para Machu Picchu. Desde que chegamos, ficamos admirados com a quantidade de turistas estrangeiros, não imaginávamos que este lugar "bombava" na passagem do ano.  Eu novamente havia criado uma imagem mental diferente de Cuzco, a verdadeira não era lá o que eu esperava, mas era uma cidade histórica e até bem cuidada. Eu julgava a Plaza de Armas maior, andamos na rua lateral e lá fomos procurando. Entramos em uma agência e um senhor nos atendeu, ele consultava o site da Peru Rail e nos deu poucas opções. Saímos dali meio preocupados e acabamos achando outra agencia onde sem consultar nada a moça nos deu uma opção totalmente diferente, eu fiquei meio desconfiado.  O André ficou animadão, por 200 dólares cada um com ônibus até Ollantaytambo, incluindo um dia de passeios, o trem para Águas Calientes (ida e volta) hospedagem, entradas e ônibus para Machu Picchu. Eu achei caro, mas estamos aqui para nos molhar pensei. Se foi à Roma tem de ir até a catedral de São Pedro!  Fomos até lá para conhecer Machu Picchu, então...


Lateral direita da Plaza de Armas

Parte da praça ao fundo

Os europeus parecem que gostam daqui

A rua na praça onde estão as pousadas e as agências
Bem, nosso passeio ficou definido para o dia 30/12 com a volta em 31/12, assim tivemos o dia 29/12 "livre" em Cuzco, porém tínhamos que comprar óleo e fazermos as trocas do óleo e filtro das motos.
Fomos descansar tranquilos com praticamente tudo resolvido.

Rodamos neste dia 420 km em aproxim. 6 horas - Puno -> Cuzco Peru.
Pousada Wasichay - Calle Maruri, 312  - Cuzco.
O restaurante na esquina das Calles Maruri e San Agustin.
O estacionamento esta no meio da Calle Tulluamyo entre a Calle Santa Catallina e a Praça Limacpampa.

2 comentários:

  1. Lendo tudo e revivendo minha viagem que fiz em Dez/Jan/2011, só que via Acre.
    Esse maluco da XT tb encontrei qdo cheguei em Cuzco dia 02.01. Ele estava esperando dois amigos tb de MInas.
    Parabéns pelos relatos.

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  2. Edson,

    Vc estava também com uma XT ?
    Nós passamos por uma que estava na porta de um hotel, era preta.

    que bom que vc gostou de ler, logo que voltamos conseguí ir lembrado e escrevendo, hoje já não me lembraria mais.

    abraço

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